quinta-feira, agosto 13, 2009

A limine

«A vida é um sonho. Um sonho assustador.»
Marcus Aurelius (121 – 180)
Imperador de Roma

sexta-feira, outubro 17, 2008

George Carlin: religion is bullshit

quinta-feira, julho 24, 2008

"Cálice", que também se lê "Cale-se" ou ainda... "continuemos assim, continuemos"!

Decorria o ano de 1976, em plena ditadura militar no Brasil, quando Chico Buarque fez esta canção.

Agora aqui, neste tempo que corre, dou por mim a pensar se não estaremos nós, no mundo ocidental, igualmente a viver dias como os de então. Se é certo que não há ninguém a bater-nos nem a prender-nos, por vezes parece-me que somos nós próprios a fazermos esse serviço. Como? Pela inércia. Inércia de pensamento, de acções, de manifesto. Claro que votamos livremente, que podemos dizer o que quisermos, que podemos achincalhar os governos... mas será que não está a faltar nada? Não estaremos nós tão ditatorialmente escravizados pelo Trabalho-Casa-TV-Cama diários quanto o estavam os viventes da ditadura brasileira de 76? Será que as nossas preocupações mesquinhas não estarão de igual modo a amordaçar o que há de melhor em nós?

Como "diz" Sean Penn em «Into The Wild» talvez seja hora de revermos alguns dos valores (valores?!) pelos quais vivemos.

A não ser que prefiramos continuar no sofá, desligados, claro.

(Noutros tempos dir-se-ia com toda a propriedade que estaríamos a estrumar o chão para que aparecesse um ditadorzinho emergente e nos convencesse que o ser humano não merece a liberdade.)

Para mim, o poema e canção que aqui deixo, são brutalmente actuais.


Cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue


Como beber dessa bebida amarga

Tragar a dor, engolir a labuta

Mesmo calada a boca, resta o peito

Silêncio na cidade não se escuta

De que me vale ser filho da santa

Melhor seria ser filho da outra

Outra realidade menos morta

Tanta mentira, tanta força bruta


Como é difícil acordar calado

Se na calada da noite eu me dano

Quero lançar um grito desumano

Que é uma maneira de ser escutado

Esse silêncio todo me atordoa

Atordoado eu permaneço atento

Na arquibancada pra a qualquer momento

Ver emergir o monstro da lagoa


De muito gorda a porca já não anda

De muito usada a faca já não corta

Como é difícil, pai, abrir a porta

Essa palavra presa na garganta

Esse pileque homérico no mundo

De que adianta ter boa vontade

Mesmo calado o peito, resta a cuca

Dos bêbados do centro da cidade


Talvez o mundo não seja pequeno

Nem seja a vida um fato consumado

Quero inventar o meu próprio pecado

Quero morrer do meu próprio veneno

Quero perder de vez tua cabeça

Minha cabeça perder teu juízo

Quero cheirar fumaça de óleo diesel

Me embriagar até que alguém me esqueça


Chico Buarque de Holanda



quinta-feira, maio 22, 2008

Convicção

Estou cada vez mais convicto que, qualquer tipo de relacionamento, só sobrevive se as pessoas conseguirem estar juntas em silêncio. Silêncio que não seja incomodativo, angustiante ou significado de distância.
Antes envolvência, proximidade, cumplicidade e bem-estar.

domingo, maio 18, 2008

Bagatelas

Quanto vale o sorriso, quanto pesa, quanto mede ele? Qual é o preço duma palavra doce equilibrada na ponta da língua? Quanta é a coragem necessária para consentir ao olhar a ternura?

Bagatelas.
No entanto, tantas vezes, tão difíceis de obter.

segunda-feira, abril 21, 2008

Amor

«…
- Pára de falar no amor! Todos os idiotas do mundo dizem que amam alguém. Não significa nada!
- Mas é verdade, eu amo-a.
- Não significa mesmo nada! O que se sente só a nós diz respeito. É o que fazemos às pessoas que dizemos amar que interessa. É a única coisa que conta!
»

In “The Last Kiss”, de Tony Goldwyn

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

100 mAIS

Uma lista dos 100 melhores albuns pop/rock de sempre.
Critérios: qualidade do conjunto música/letra;
importância que tiveram na evolução geral;
importância que tiveram num sub-género;
e… of course, o meu gosto pessoal!


1. The White Album - The Beatles (1968)
2. The Queen is Dead - The Smiths (1986)
3. Pet Sounds - The Beach Boys (1966)
4. Hunky Dory - David Bowie (1971)
5. The Lamb Lies Down On Broadway - Genesis (1974)
6. Transformer - Lou Reed (1972)
7. The Stone Roses - The Stone Roses (1989)
8. In A Glass House - Gentle Giant (1973)
9. Blonde On Blonde - Bob Dylan (1966)
10. London Calling - The Clash (1979)
11. Dummy - Portishead (1994)
12. Led Zeppelin IV - Led Zeppelin (1971)
13. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band - The Beatles (1967)
14. The Doors - The Doors (1967)
15. Who’s Next - The Who (1971)
16. The Dark Side of the Moon - Pink Floyd (1973)
17. Freak Out! - Frank Zappa & The Mothers of Invention (1966)
18. Thick As A Brick - Jethro Tull (1972)
19. The Rise And Fall Of Ziggy Stardust - David Bowie (1972)
20. Beggars Banquet - The Rolling Stones (1968)
21. In The Court Of The Crimson King - King Crimson (1969)
22. Peter Hammill - Over (1977)
23. Bridge Over Troubled Water - Simon & Garfunkel (1970)
24. Tubular Bells - Mike Oldfield (1973)
25. Closer - Joy Division (1980)
26. Harvest - Neil Young (1972)
27. Absolutely Live - The Doors (1970)
28. Out of time - R.E.M. (1991)
29. Blood & Chocolate - Elvis Costello (1986)
30. Marquee Moon - Television (1977)
31. The Joshua Tree - U2 (1987)
32. Automatic for the People - R.E.M. (1992)
33. Déjà Vu - Crosby, Stills, Nash & Young (1970)
34. American Pie - Don McLean (1971)
35. Aqualung - Jethro Tull (1971)
36. Horses - Patti Smith (1975)
37. Songs of Love and Hate - Leonard Cohen (1971)
38. Sign ‘O’ the Times - Prince (1987)
39. The Velvet Underground & Nico - The Velvet Underground (1967)
40. Revolver - The Beatles (1966)
41. Remain in Light - Talking Heads (1980)
42. Pearl - Janis Joplin (1971)
43. Never Mind the Bollocks Here’s the Sex Pistols - The Sex Pistols (1977)
44. Low-Life - New Order (1985)
45. Goodbye & Hello - Tim Buckley (1967)
46. Babylon by Bus - Bob Marley & The Wailers (1978)
47. A Salty Dog - Procol Harum (1969)
48. 69 Love Songs - Magnetic Fields (1999)
49. Rain Dogs - Tom Waits (1991)
50. Something Else By The Kinks - The Kinks (1967)
51. Are You Experienced? - Jimi Hendrix (1967)
52. Chuck Berry Is on Top - Chuck Berry (1959)
53. From Gardens Where We Feel Secure - Virginia Astley (1983)
54. Penguin Cafe Orchestra - The Penguin Cafe Orchestra (1981)
55. Sound Affects - The Jam (1980)
56. Psychocandy - The Jesus and Mary Chain (1985)
57. Surfer Rosa - Pixies (1988)
58. Liege & Lief - Fairport Convention (1969)
59. Before And After Science - Brian Eno (1977)
60. Pink Moon - Nick Drake (1972)
61. Bring On The Night - Sting (1986)
62. Felt Mountain - Goldfrapp (2000)
63. John Barleycorn Must Die - Traffic (1970)
64. Mezzanine - Massive Attack (1998)
65. Surrealistic Pillow - Jefferson Airplane (1967)
66. Big Science - Laurie Anderson (1982)
67. Moondance - Van Morrison (1970)
68. Reggatta de Blanc - The Police (1979)
69. Ladies of the Canyon - Joni Mitchell (1970)
70. Still Life - Van Der Graaf Generator (1976)
71. Liberty Belle and the Black Diamond Express - The Go-Betweens (1986)
72. Imagine - John Lennon (1971)
73. From Elvis in Memphis - Elvis Presley (1969)
74. Made In Japan - Deep Purple (1972)
75. Moon Safari - Air (1998)
76. Mellow Gold - Beck (1994)
77. Ocean Rain - Echo & the Bunnymen (1984)
78. Songs of Leonard Cohen - Leonard Cohen (1968)
79. The Trinity Sessions - Cowboy Junkies (1988)
80. Treasure - Cocteau Twins (1984)
81. Talking Book - Stevie Wonder (1972)
82. For Your Pleasure - Roxy Music (1973)
83. Dire Straits - Dire Straits (1978)
84. Music for the Jilted Generation - Prodigy (1995)
85. Bringing It All Back Home - Bob Dylan (1965)
86. Funeral - Arcade Fire (2004)
87. Look Sharp! - Joe Jackson (1979)
88. Madonna - Madonna (1983)
89. My Beautiful Sinking Ship - Devics (2001)
90. Knife - Aztec Camera (1984)
91. Octopus - Gentle Giant (1972)
92. Grace - Jeff Buckley (1994)
93. OK Computer - Radiohead (1997)
94. Nevermind - Nirvana (1991)
95. Violator - Depeche Mode (1990)
96. Kill ‘Em All - Metallica (1983)
97. Boulevard - St. Germain (1996)
98. Dare! - The Human League (1981)
99. Different Class - Pulp (1995)
100. What’s Going on - Marvin Gaye (1971)

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Mudanças...

Desdobrei-me em duas partes:
uma foi para AQUI
e outra para AQUI.

São bem-vindos.

:)

segunda-feira, agosto 20, 2007

Aos amigos

Amo devagar os amigos que são tristes
com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados,
fechando os olhos,
com os livros atrás a arder
para toda a eternidade.

Não os chamo,
e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
- Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De paixão.

Herberto Hélder

Para nós, o tempo acaba.

Tudo tem o seu propósito.
E quase sempre os desígnios têm um final. Há um nascimento, um tempo de vida e um fim.
Não sou capaz de afirmar com absoluta certeza que o tempo deste blog terminou. Sei sim que neste momento a sua existência não faz sentido. Como tal, por agora, vou dá-lo como terminado.
Embora não ficando desactivado, o “Lugar de Silêncio” acaba aqui. Deixo-o no ciberespaço até que as memórias dos computadores, um dia, o esqueçam.
Agradeço profundamente a todos os que, duma maneira ou de outra, contribuíram para que a sua existência fizesse sentido enquanto ele viveu.

O último post será o poema do Herberto Hélder de onde veio o nome deste blog.

No fim, um sorriso.

sábado, junho 02, 2007

Your Five Factor Personality Profile

Extroversion:

You have low extroversion.
You are quiet and reserved in most social situations.
A low key, laid back lifestyle is important to you.
You tend to bond slowly, over time, with one or two people.

Conscientiousness:

You have medium conscientiousness.
You're generally good at balancing work and play.
When you need to buckle down, you can usually get tasks done.
But you've been known to goof off when you know you can get away with it.

Agreeableness:

You have low agreeableness.
Your self interest comes first, and others come later, if at all.
In general, you feel that people are not to be trusted.
And you're skeptical that anyone else really feels differently.

Neuroticism:

You have low neuroticism.
You are very emotionally stable and mentally together.
Only the greatest setbacks upset you, and you bounce back quickly.
Overall, you are typically calm and relaxed - making others feel secure.

Openness to experience:

Your openness to new experiences is high.
In life, you tend to be an early adopter of all new things and ideas.
You'll try almost anything interesting, and you're constantly pushing your own limits.
A great connoisseir of art and beauty, you can find the positive side of almost anything.

segunda-feira, maio 14, 2007

Timeout

Normalmente preciso de sete horas de sono para ficar bem.
Como ando em défice, hoje não só não vou retirar mais nada às tais sete, como ainda lhe acrescentarei mais uma.
Assim: 4:52h + 8:00h = 12:52h - arredondando dá 13:00h.

Chhhhh... não façam barulho até eu adormecer. Depois, podem estar à-vontade.

Vou apagar a luz.

Clic.

sexta-feira, maio 11, 2007

11

Na escuridão há uma luz chamada Lara.
Faz amanhã 11 anos.

Amo-a.

quarta-feira, fevereiro 28, 2007




















Adiado devido ao futebol.
Pois...

domingo, fevereiro 18, 2007

Cinema

Deste há uns dias atrás encontra-se para aluguer numa cadeia de clubes de vídeo o documentário “Uma Viagem Pelo Cinema Americano” de Martin Scorsese.

Já conhecia o talento de Scorsese no género documental. Vi o episódio dele da série “The Blues” e também o “Bob Dylan - No Direction Home”. Agora, no que acabei de ver, para além desse talento se reflectir em cada passagem, ressalta à vista a sua enorme paixão, o seu amor pelo cinema!
Martin Scorsese viu certamente milhares de filmes. O seu imenso conhecimento sobre imagem em movimento foi um dos aspectos que me maravilhou neste documentário. Por outro lado, conseguiu tornar entendível a qualquer pessoa, quer alguns aspectos mais complexos das câmaras e do que está à frente e atrás delas, bem como os meandros de Hollywood e as mudanças que têm vindo a ocorrer em mentalidades tantas vezes apenas movidas pelo dinheiro.
M.S. dá-nos também a possibilidade de ver e perceber o quanto o cinema evoluiu através de obras ditas “menores”, feitas com poucos recursos quer técnicos quer financeiros. Mostra-nos bocadinhos, alguns deliciosos, de algumas dessas obras esquecidas. Num exemplo, posso dizer que me maravilhei com o que alguns cineastas “outsiders” na década de 50 conseguiram fazer com uma miserável câmara, e duas matérias facílimas de encontrar: sombra e luz. Desde quadros de horror até à mais bela poesia. Haja imaginação e talento!
Scorsese faz também a história das diversas correntes cinematográficas nunca incorrendo no erro de as isolar. Pelo contrário mostra-nos as interligações, os pontos comuns, faz-nos ver que nada vive isolado, tudo se toca e que não são poucas as vezes em que essa comunhão fascina.
Neste documento constam ainda preciosos testemunhos de Orson Wells, John Ford, Nicholas Ray, Clint Eastwood ou John Cassavetes, entre vários outros.

Adoro cinema.
Ao ver este documentário senti uma espécie de divisão interior. Se por um lado fiquei imensamente contente por o ter visto, ao mesmo tempo, e numas rápidas contas de cabeça, pude constatar o seguinte: mesmo que visse 4 horas de cinema por dia e vivesse até aos 100 anos, não teria tempo para ver (e rever!) tudo o que gostaria. Esta condição de ser humano é tramada. Vou ver se arranjo outra… ;)

De qualquer forma:
“Uma Viagem Pelo Cinema Americano” de Martin Scorsese – RECOMENDO VIVAMENTE!

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Lógica

– Pai, ontem sonhei que tu eras de chocolate.
– Ahn????
– Pois… é isso.
Esperei mas ela não adiantou mais nada. Apercebi-me que aquele era o tipo de silêncio de quem se sente comprometido.
– E então, o que aconteceu depois? – perguntei.
Mais uns momentos de silêncio,
– Bem, a certa altura tu ias a fugir.
– De quem?!
– De mim e do Pantufa.
– O quê? Que me queriam vocês fazer?
Estávamos ao telefone mas quase consegui vê-la corar.
– Comer-te.
Inventei uma resmunguice e, sempre brincando, refilei com ela dizendo coisas do género: – Que filha a que eu tenho que me transforma em chocolate e depois me quer comer. – E por aí adiante.
Ela interrompeu-me.
– Mas, ó pai, tu não entendes? Tu sabes muito bem que não resisto a chocolate. Por outro lado, eu gosto muito de ti e como também gosto muito de chocolate faz todo o sentido que tenha juntado as duas coisas numa só. É ou não é?
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Certa lógica não há que rebater. Há que abraçar.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Estrelas

Corpos nus envolvem-se e do contacto nasce luar. Calor e luz no retirar do espaço que havia antes. Liberta-se a aura de matéria estelar que nos compõe. Um e outro redescobrem na fundição o clarão a que se chama vida. Chegamos mais perto de nós e deixamo-nos fazer parte de tudo o que existe: somos o cosmos.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Factos:

- há pessoas a quem é necessário pôr juízo na cabeça.
- há pessoas a quem é necessário retirar juízo da cabeça.