quinta-feira, janeiro 26, 2006

A dois: coisas pequenas, simples, boas e bonitas *

– Pequenos-almoços na cama
– Lavarem-nos as costas
– Olhares cúmplices no meio daquela festa chata
– Olhares cúmplices sempre
– A conversa à saída do cinema
– Dar qualidade às tardes de domingo
– Abraçados na rua gelada
– Encostar a cabeça ao ombro do parceiro(a) **
– Caminhar de mãos dadas **
– “Luta” de cócegas na cama **
– Uma esplanada em dia de sol **
– Uma exposição de fotografia **
– Ficar na cama num domingo de chuva **
– Silêncio partilhado **
– Escolha a dois de filmes pro fim de semana **
– Deitar no chão (tapete) da sala e ver a lua, pés juntinhos contando segredos **
– Acordar com ele(a) aconchegados numa manhã de inverno **
– Encostar a cabeça no peito do parceiro(a) **
– Partilhar o último cigarro enquanto se decide quem vai comprar mais e não ir nenhum/irem os dois **
– Sorrir só porque sim **
– Silêncios cúmplices **
– Ouvir baixinho no ouvido: "Gosto de ti" **
– Contar as pestanas do parceiro quando ele dorme **
– Passear juntos na praia deserta num dia frio de inverno **
– Ler as passagens mais significantes de um livro que se gosta para o parceiro ouvir **
– Trocar, com prazer, o jantar queimado por biscoitos com champanhe **
– Curtir a sua gripe (e o recobro!) debaixo dos lençóis, experimentando todo o tipo de chá, com mel e aguardente, ou nada disso **
– Afugentar-lhe os fantasmas em noite de bruxas **
– Conhecer o salgado das suas lágrimas **
– Desenhar um segredo com o dedo no seu peito **
– Fazer concorrência ao cão ou ao gato nos beijos que esse lhe dá **
– Assistir ao nascer do dia, de mão dada e em silêncio, no alto da Serra da Arrábida **
– Pescar o mesmo peixe, cantar a mesma canção, dormir o mesmo sono **
– Usar a sua camisa e emprestar-lhe o creme de rosto **
– Cozer-lhe o botão daquela roupa que ele vai ter que vestir nesse dia importante, com o carinho com que as nossas avós punham nisso, e sem qualquer pudor pós-moderno(!!!) **
– Dizer-lhe uma taradice e fugir… **
– Jogar um xadrez sem regras… E sem fim **
– Banho em chá de tília, com cascas de laranja, pau de canela e uma flor de baunilha, tomado às escuras numa noite de trovoada, sob uma intensa melodia de Wagner **
– Fazer-lhe um show erótico em cima do capot do jipe, sob uma chuva intensa **

* Este post é interactivo. Acrescentos serão bem-vindos.
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terça-feira, janeiro 24, 2006

Não se fica a ver dormir qualquer pessoa

Sabes... Saber sabes, só não sei se sabes por experiência própria ou se por observação. Mas isso é irrelevante.
Com certeza sabes o que é viver com uma culpa. Uma culpa que não se desculpa: a culpa da perda por culpa própria.
Acordei mais uma vez assim, hoje.
Em muitos dias não vem, não pesa. Mas por vezes volta.

Há muito que percebi o que perdi quando a perdi.

«Cheguei muito tarde. Os teus desencontros anteriores – estão muito vivos ainda, e penso que vão permanecer assim. Serás sempre um menino num corpo adulto, com um coração muito generoso, mas com quem não é fácil conviver mais do que dois dias seguidos.»

A desculpa que sempre dei a mim mesmo foi o de na altura ainda ter bastante pele da (……) na minha pele.
Na verdade eu não me deixei gostar! E não deixei que ela gostasse.
Recusei. E magoei-a para que me deixasse, me largasse. Até lhe escrevi coisas que não eram verdade.

Porque eu não queria aceitar que o que ela sentia por mim fosse verdadeiro. Rejeitava-o.
Porque se o aceitasse ao mesmo tempo também teria que aceitar que gostava dela e eu não queria fazê-lo. Tinha medo de gostar novamente.

«Fui pouco paciente, em alturas em que devia ter sido mais. Fui pouco sensível, quando precisaste e sobretudo não te soube escutar.»

Sabes porquê? Porque a paixão dela era tal que, para ela não havia tempo para mais nada que não fosse sexo. E O QUE ELA SENTIA ERA PERFEITAMENTE NATURAL!
Ela tinha e tem cabeça. Muito para dar. Só que… não dava. Porque não se conseguia conter e às tantas eu já não a queria ver mais à frente!
E nessa altura duvidei que gostasse realmente de mim. Convenci-me que a única coisa que ela queria era exploração dos corpos até á exaustão.

Mas fui tão estúpido que nem sequer percebi a verdade quando a verdade foi cristalina: um dia ela disse-me que tinha acordado primeiro - o que era habitual. E disse-me que me tinha ficado a ver dormir.
Não se fica a ver dormir qualquer pessoa, pois não?!
Foi essa a forma que ela teve para me dizer o quanto gostava. Doutra forma não foi capaz. Ela mais tarde veio a admitir esse “pecado”, que não é pecado nenhum. Há pessoas que comunicam além e aquém da superfície, e para quem bastam coisas dessas para se perceberem como ninguém.

Mas eu não percebi!
Apeteceu-me magoá-la.

Na minha vida houve apenas duas pessoas perante as quais me humilhei.
Esta foi uma delas.
Lembro-me dela muitas vezes aqui em casa. E hoje de manhã acordei assim… acordei “com ela”.

Eu tinha tido aquela loucura toda com a (……). Após isso, quando consegui recomeçar a sair com pessoas, quase que as desprezava. Lamento dizê-lo, mas era o que sentia. E depois, aconteceu ela. E a ela não me foi possível desprezar.
Mas ao mesmo tempo não queria dar tudo o que ela queria. Não queria!
Eu sei que sou essencialmente físico mas preferia que por vezes estivéssemos ali um pouco no sofá a ver um filme ou coisa assim. Só que a certa altura ela já não se conseguia concentrar. E aparecia-me uma perna ou uma mão… e, penso que pela primeira vez na vida, aquilo metia raiva!

Nunca tive outra quando andei com ela. Embora lhe tenha dito que sim. Só para estar uns tempos sozinho.
E porque sabia (vês? eu sabia! é isso que me lixa!) que ela iria ficar muito magoada.

E assim ela pensa que me teve menos do que realmente me teve.

Mas mesmo pensando assim ela nunca o dizia, nunca se queixava. Pelo menos não daquele modo lamecha. Se o dissesse, se se queixasse dessa forma eu poderia sair dela muito facilmente. Mas não. Aguentava estoicamente! Sem fazer ondas, sem ser chata.
Completamente! Admiro-a tanto, por isso. E não só.

Depois… quando eu voltei a mim, já foi tarde. Tínhamos estado afastados muito tempo e a minha volta, a volta que em mim se deu e que me fez voltar para, por fim, ficar, aconteceu. Mas… tarde demais.
Porquê? Porque tem outro.
Eu fiquei tanto tempo fora de cena que ela se convenceu que nunca mais voltaria. E apareceu-lhe um daqueles fulanos bonzinhos.
Eles aparecem.

E acabou. Foi. Foi-se.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Pões-me doido

Espreito pelo buraco na lona
e vejo-te nua e lânguida,
parada e mexida.
Vou e mordo de raiva os teus lábios,
e perco-me a endireitar linhas
quando ergo as tuas mãos que são minhas.
Toco os teus lábios encerados,
e absorvo o perfume leitoso
enquanto olho o teu queixo charmoso.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Azul

Este é o poema da linda janela azul
Ou antes
O poema da linda janela que era para ser azul

E que afinal

Não era azul mas cinzenta.

A parede onde se rasga esta linda janela

Que era para ser azul,

Essa sim é que é,

Azul

Lights

Tabaco lights
Cerveja lights
Café lights
Droguinhas lights

Comida lights
Sono lights
Comprimidos lights
Saúde lights

Vestir lights
Penteado lights
Perfume lights
Parecer lights

Música lights
Literatura lights
Cinema lights
Sensações lights

Relações lights
Envolvimentos lights
Sexo lights
Sentimentos lights

Viver lights
Existir lights
Pensar lights
Ser lights

Morrer lights
Caixão lights
Enterro lights
Ser comido por vermes lights