sexta-feira, agosto 26, 2005

fabchannel

Para quem gosta de música.
São concertos ao vivo, a maior parte deles com a duração de hora e picos e neste site podem ver-se nomes como:
Andrew Bird
Azure Ray (infelizmente um concerto pequeníssimo)
Damien Rice
Emiliana Torrini
John Cale
Killing Joke
Low
Madness
Marcus Miller
Morcheeba (sem a Skye? será que saiu?!)
The Arcade Fire

Destaco estes mas provavelmente haverá outras coisas boas que eu não conheço. Não tive tempo de ver/ouvir tudo; são 375 ao todo!!
Ah, e não se paga a entrada ;)

terça-feira, agosto 23, 2005

Ainda

Fugir da coragem...
Enorme o túnel sem luz
Rasteja lentamente.
Aparência de medo
As paredes são enormes, cinzentas
Palavras inúteis e solitárias _ ermitas.
Deixa de ser fundamental
aquele sorriso
aquela felicidade
do ser idiota.

Deixar que os muros criem universos.
Esta é a engrenagem
ainda móvel
ainda visível.

Falha

Nos nossos universos estanques
Existe sempre uma ilusória segurança,
Um equívoco equilíbrio.

sexta-feira, agosto 19, 2005

Ciclo

Adoro sexo e apenas me apetece parar quando tenho de beber;
Adoro beber e apenas me apetece parar quando tenho de comer;
Adoro comer e apenas me apetece parar quando tenho de fumar;
Adoro fumar mas tenho de apagar para poder mergulhar;
Adoro mergulhar e o estar envolto por água faz-me querer sexo.

Adoro sexo e apenas me...

quinta-feira, agosto 18, 2005

Uma daquelas...

Porque será que tanta gente deixa de gostar de andar de baloiço?

segunda-feira, agosto 15, 2005

Atendo sempre!

Atendi:
– Está, sim?
Uma voz feminina pergunta-me:
– Boa tarde. É o Sr. … … …?
Respondo:
– Sim, eu mesmo.
Pergunta ela:
– Pode dispensar-me uns minutos do seu tempo? Prometo ser rápida.
“A uma voz como a tua eu dispenso todos os minutos que tiver.” Não lho disse mas pensei. Em vez, respondo-lhe deixando passar o meu agrado na resposta:
– Sim, diga lá o que me quer vender…
Deu uma pequena risada, recompôs-se e começou a debitar alguma coisa previamente decorada.
Fiquei a ouvi-la sem a ouvir mas ao mesmo tempo tentando ouvir para além do que ela dizia.
A tonalidade era agradabilíssima. Quente sem ser mole, sem se arrastar, mas ao mesmo tempo, com um tempo de arrasto suficiente para revelar uma sensualidade serena. Firme, sem que nessa firmeza houvesse prepotência. Segura e insegura ao mesmo tempo; não era nenhuma criança e certamente já teria passado alguns momentos menos bons. Tenho para comigo que, infelizmente, muitas vezes são esses indesejados acontecimentos que nos dão traquejo e estaleca mas, também por os termos vivido, sabemos o quão vulneráveis podemos ser. Daí a segurança e insegurança.
A não hesitação quando utilizou palavras menos fáceis e comuns, mesmo descontando o estar numa função profissional, deixou-me convicto de ser alguém para quem o uso da palavra não era problema equacionável e, embora não sendo eu pessoa que dê um desmesurado valor cultural ao verbalismo, apraz-me sempre ouvir quem sabe falar.
Seria ela mãe? Não me era possível saber mas, se o fosse, tenho a certeza que a ternura existente naquela voz se faria passar por completo para os rebentos. Muito, muito afecto!
A gargalhada que dera à minha resposta sobre a compra, de tão rápida que fora, revelara sentido de humor - sim, sem dúvida - mas mais do que isso: na rapidez se vê a inteligência e ela fora instantânea.

Continuava a ouvi-la e a navegar nos meus pensamentos: até que ponto se pode conhecer alguém apenas pela voz? Realmente não era importante… ou melhor, não era fundamental que eu tivesse acertado em tudo o que pensava porque eu sabia que a maior parte, e talvez o mais importante, estava certo. Certezas que nascem em nós sem que possamos, pelo menos no imediato, racionalizar.
E havia outra certeza: eu queria conhecer a dona daquela voz.

– Sr. … …? – ela interrompeu-me as divagações. – Ainda está aí?
– Estou pois! – como não haveria de estar?
– E então, a sua resposta é…?
– Hum? Ah sim, eu compro. Claro que compro!