7 movimentos
Porque prometi à Nes e porque as promessas são para cumprir, cá vão as sete.
1 Nasci em Lisboa mas muito cedo fui para Angola. Os anos que lá passei ficaram entranhados dentro de mim. Para o mal ou para o bem, a pessoa que sou não existiria sem aquela vivência.
2 Acima de tudo (e apesar do que digo em alguns momentos – ver posts anteriores) amo a vida. Gosto de respirar, de sentir a vida a entrar em mim. Obviamente, como amante da vida, tudo o que é água me fascina. Desde a que sai duma simples torneira, deixá-la escorrer pelas mãos, até ao expoente máximo, o mar. Mar: mar em configuração calma, reflectindo a Lua, sua eterna companheira, os dois em conjunto ordenando aos corpos que se entrelacem e respirem em simultâneo. Ou mar revolto, das tempestades brutais, com espuma salgada a bater em cascos de navios, ilhas minúsculas tentando sobreviver no infinito.
Ambas as facetas são vida e morte. Uma inclui a outra.
3 Por “culpa” do meu pai quase que cresci dentro do cinema. A imagem fixa pode dizer-me muito mas a que mexe, quando mexe bem, leva-me para dentro dela; faz-me viver lá. Afinal sou eu o maluquinho que tem mais de 800 filmes em casa e… tem tão poucos quando pensa no que lhe falta ter. Sou eu o maluquinho que vê e revê vezes sem fim takes, passagens, movimentos de câmara ou expressões de actores. Bem, é melhor seguir adiante…
E depois há a música. Sempre presente, sempre presente, sempre presente. Excepto (ou mesmo) quando me apetece ouvir o silêncio. Não creio que quem goste de música não saiba ouvir silêncio.
E não podiam faltar as palavras. Quer em histórias, escritas ou ditas – continuo a adorar ouvir uma boa história bem contada – quer em qualquer outra forma. Sobretudo quando à primeira vista essa forma aparenta não ter sentido. Aqui, como em qualquer outra manifestação, o que está “escondido” fascina-me.
4 Quem não me conhece normalmente acha-me uma pessoa calma. Quem me conhece diz o contrário: que encubro, que mantenho cá dentro as brasas acesas e que, para fora apenas deixo passar a distância. Na realidade nem sempre assim é. Como diria um amigo meu «há alturas na vida em que temos mesmo que nos irritar». E sim, vai disto e pumba! Mas é raro.
Não tenho personalidade de líder. Nunca tive e duvido que alguma vez venha a ter. Sou muito mais o “conselheiro”, o hmmm… o “consultor”. Alguém que fica na sombra sempre atento ao que se diz, como se diz e qualquer outro pormenor revelador. Habitualmente são neles que vivem as revelações.
5 Sou devotamente ateu. Para mim, nada faria sentido se realmente existisse uma entidade divina. Compreendo e aceito sem discussão qualquer crença de qualquer um. Bom, aquelas que afirmam peremptoriamente coisas que cientificamente estão provadas serem quase absurdos custam muito a engolir. Pronto… fica assim.
Mas também eu tenho a minha fé. Uma fé que me diz que há, que podem haver relações divinas. Serão sempre terráqueas, claro, mas ainda acredito nelas. Chamem-me utópico se quiserem; eu continuo a acreditar que são possíveis os complementos. O que me falta tu tens, vice-versa, e o que resta temos os dois em comum.
6 Aprecio inteligência pura. Em momentos grandes ou numa simples particularidade, as manifestações de inteligência são bafejos de calor. A curiosidade deverá sempre acompanhá-la, não faz sentido que seja de outra forma. Se é certo que não somos capazes de saber tudo não deixará de ser menos correcto que… podemos tentar.
Olhos bem abertos, absorvendo na mente e na pele. Os sentidos também me comandam. Eles servem para ser usados e aplicados. E qualquer deles é mais deslumbrante que o seu vizinho do lado.
7 Sei que sou: preguiçoso, egoísta, convencido, desorganizado e que por vezes me acomodo com alguma facilidade.
(Nes, obrigado por me teres “obrigado” a fazer isto. Fez-me bem.)
1 Nasci em Lisboa mas muito cedo fui para Angola. Os anos que lá passei ficaram entranhados dentro de mim. Para o mal ou para o bem, a pessoa que sou não existiria sem aquela vivência.
2 Acima de tudo (e apesar do que digo em alguns momentos – ver posts anteriores) amo a vida. Gosto de respirar, de sentir a vida a entrar em mim. Obviamente, como amante da vida, tudo o que é água me fascina. Desde a que sai duma simples torneira, deixá-la escorrer pelas mãos, até ao expoente máximo, o mar. Mar: mar em configuração calma, reflectindo a Lua, sua eterna companheira, os dois em conjunto ordenando aos corpos que se entrelacem e respirem em simultâneo. Ou mar revolto, das tempestades brutais, com espuma salgada a bater em cascos de navios, ilhas minúsculas tentando sobreviver no infinito.
Ambas as facetas são vida e morte. Uma inclui a outra.
3 Por “culpa” do meu pai quase que cresci dentro do cinema. A imagem fixa pode dizer-me muito mas a que mexe, quando mexe bem, leva-me para dentro dela; faz-me viver lá. Afinal sou eu o maluquinho que tem mais de 800 filmes em casa e… tem tão poucos quando pensa no que lhe falta ter. Sou eu o maluquinho que vê e revê vezes sem fim takes, passagens, movimentos de câmara ou expressões de actores. Bem, é melhor seguir adiante…
E depois há a música. Sempre presente, sempre presente, sempre presente. Excepto (ou mesmo) quando me apetece ouvir o silêncio. Não creio que quem goste de música não saiba ouvir silêncio.
E não podiam faltar as palavras. Quer em histórias, escritas ou ditas – continuo a adorar ouvir uma boa história bem contada – quer em qualquer outra forma. Sobretudo quando à primeira vista essa forma aparenta não ter sentido. Aqui, como em qualquer outra manifestação, o que está “escondido” fascina-me.
4 Quem não me conhece normalmente acha-me uma pessoa calma. Quem me conhece diz o contrário: que encubro, que mantenho cá dentro as brasas acesas e que, para fora apenas deixo passar a distância. Na realidade nem sempre assim é. Como diria um amigo meu «há alturas na vida em que temos mesmo que nos irritar». E sim, vai disto e pumba! Mas é raro.
Não tenho personalidade de líder. Nunca tive e duvido que alguma vez venha a ter. Sou muito mais o “conselheiro”, o hmmm… o “consultor”. Alguém que fica na sombra sempre atento ao que se diz, como se diz e qualquer outro pormenor revelador. Habitualmente são neles que vivem as revelações.
5 Sou devotamente ateu. Para mim, nada faria sentido se realmente existisse uma entidade divina. Compreendo e aceito sem discussão qualquer crença de qualquer um. Bom, aquelas que afirmam peremptoriamente coisas que cientificamente estão provadas serem quase absurdos custam muito a engolir. Pronto… fica assim.
Mas também eu tenho a minha fé. Uma fé que me diz que há, que podem haver relações divinas. Serão sempre terráqueas, claro, mas ainda acredito nelas. Chamem-me utópico se quiserem; eu continuo a acreditar que são possíveis os complementos. O que me falta tu tens, vice-versa, e o que resta temos os dois em comum.
6 Aprecio inteligência pura. Em momentos grandes ou numa simples particularidade, as manifestações de inteligência são bafejos de calor. A curiosidade deverá sempre acompanhá-la, não faz sentido que seja de outra forma. Se é certo que não somos capazes de saber tudo não deixará de ser menos correcto que… podemos tentar.
Olhos bem abertos, absorvendo na mente e na pele. Os sentidos também me comandam. Eles servem para ser usados e aplicados. E qualquer deles é mais deslumbrante que o seu vizinho do lado.
7 Sei que sou: preguiçoso, egoísta, convencido, desorganizado e que por vezes me acomodo com alguma facilidade.
(Nes, obrigado por me teres “obrigado” a fazer isto. Fez-me bem.)
13 Comments:
Foi ou não foi uma excelente forma de regressares?
;-)
Querido Foot,
Corrija-se o agradecimento:
Rui, obrigada por me teres "obrigado" a ler isto.
Porquê?
Porque gostei dos acordes do teu canto, porque brincas com as palavras, porque sei que tens uma relação especial com a vida...
A tua descrição do mar, calmo ou revolto... bem, a melhor que li até hoje.
Bonito regresso
Besitos
...
7. tb sou preguiçosa:P alias qd escreverem acerca de mim daqui a uns anos, acerca dos meus feitos grandiosos (ehehe) vai ser
"Cris, a Pregiçosa" ehehhe tal como
"Alexandre, o grande" eheh
agr que leio tambem sou convencida:P
Venho deixar-te um obrigada e dizer até um dia...
Beijos.
Neste post está mais um bocadinho de ti:)Devo dizer que adorei e concordo com o item 6, é realmente bom*
"Inteligência pura".
Tenho muitas reservas quanto a essa expressão. Como que um receio de que essa seja idealizada exactamente por quem lhe não reconheça as limitações. Na verdade, ela não abona a favor dos seres humanos. A inteligência pura é desemocionalizada, fria e vã, e pode ser perigosa.
Não leves a mal. Bem sei que lhe quiseste dar outro sentido. Este é só o meu. Os teus estão bonitos.
Tardou... mas foi!
Visita Cumprida e Movimentada!
800 filmes????
ganda maluko!
e eu a pensar que os meus 400 livros era muito
;)
nes Se não me tivesses "obrigado" a escrever isto jamais te poderia "obrigar" a lê-lo. Por isso... obrigado ;)
*
p. Queres apostar que não és mais preguiçosa que eu? Olha que perdes! ;)
E só comentaste o ponto 7, o dos defeitos. Obrigadinho :p
[In]completa Hei, não te escapas com essa facilidade. Lê o fim destes comentários
;)
Mojo Pin Faz todo o sentido realçares esse. Todo o sentido!
:)
particula-RG O que tardou, o post ou a visita? ;)
Brida 400 livros? Ganda maluka! ;)
Agora a sério: podemos fazer um intercâmbio: tu emprestas um livro e eu... hmmm... 2 filmes? 3? Hmmmm... vou pensar melhor no caso ;)
E agora... já tenho as cinco pessoas a quem passar isto! Tinha decidido ficar caladinho e esperar. Os cinco primeiros a comentar seriam as vítimas! Como a nes não conta porque foi ela que me passou e como não respondo a anónimos, os nomeados são:
p.
[In]completa
Mojo Pin
particula-RG
Brida
Boa sorte! :)
Bem... Estou cheia de sorte!
Passas assim a batata quente... é?
Ai!
Vou pensar no assunto...
em relação ás trocas... posso emprestar-te os meus livros se quizeres; se bem que muitos estão sublinhados e alguns com notas pessoais. mas não preciso de 1 ou 2 filmes em troca. normalmente não os vejo, ainda nem vi muitos dos meus 20 e picos....
em relação ao desafio que me fizeste... não sei se consigo "dar" as 7
vou pensar no assunto também...
E o silêncio continua a reinar por aqui...
Trocamos filmes, ou tens os mesmos que eu? Se calhar!
E depois há a música, dia em que não acordo com ela é certo que é um mau dia, e por aí adiante...
Queres mais?
Tanto silêncio...
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